Povo Yawanawa

Desde tempos imemoráveis, o povo Yawanawa viveu em harmonia com a natureza nas margens do rio Gregório na região Amazônica que concentra a maior biodiversidade do planeta. Nesse rico habitat, seus ancestrais desenvolveram um vasto conhecimento de plantas medicinais da floresta e uma visão de mundo com grande sabedoria espiritual.

Seu contato com o homem ocidental aconteceu um pouco mais que cem anos atrás, de uma forma muito violenta, inicialmente com escravidão pelos barões da borracha e depois pelos missionários protestantes estrangeiros que proibiram a cultura e espiritualidade indígena. No fim do último século, os Yawanawa reconquistaram o direito a suas terras, expulsaram os missionários e desde então tem liderado um processo de renascimento cultural e espiritual que cruza fronteiras nacionais e hoje fascina o mundo.

O Festival Yawa tem um grande significado nesse processo e tem sido conduzido anualmente desde 2001. Inicialmente desenhado para restaurar e fortalecer as tradições culturais dos povos nativos, rapidamente atraiu atenção internacional, e representa hoje um importante marco no renascimento das culturas ancestrais amazônicas, servindo como um exemplo para outras tribos seguirem o mesmo caminho.

A tradicional aldeia onde o primeiro contato foi feito hoje é um espaço dedicado exclusivamente à espiritualidade. Conhecido como Aldeia Sagrada, é o local de sepultura dos seus ancestrais, um jardim com mais de 2,700 variedades de plantas medicinais e é onde a iniciação dos líderes espirituais é realizada através de isolamentos e dietas com plantas. Mensageiros da espiritualidade yawanawa atualmente lideram cerimônias em várias capitais do Brasil e afora, compartilhando a magia do seu povo encantado através das suas medicinas ancestrais e musicalidade excepcional.

"Eu fui transformado"

PAJÉ AGOSTINO IKAMURU

Povo Huni Huin

O povo Huni Kuin, ou “povo verdadeiro”, como eles se autodenominam, habita principalmente as terras brasileiras na Amazônia tropical, mas suas terras se estendem até o sopé dos Andes, no leste do Peru. Os Huni Kuin são a maior população indígena do Estado brasileiro do Acre, atualmente vivendo nas doze terras indígenas ao longo de sete rios diferentes: Purus, Envira, Murú, Humaitá, Tarauacá, Breu e Jordânia.

Eles tiveram um contato relativamente tardio com o mundo ocidental e, mesmo após décadas de perseguição, conseguiram manter vivas suas tradições. Eles falam hatxa kuin (“língua verdadeira”) e vivem em uma realidade bilíngue, onde na maioria das aldeias também podem se comunicar em português. Eles continuam a praticar rituais sagrados com sua medicina tradicional, realizando o batismo tradicional das crianças e celebrando as festas de colheita e fertilidade conhecidas como “katxanawa”. Os medicamentos tradicionais do povo Huni Kui são de imensa importância para sua visão de mundo, e o uso coletivo da ayahuasca (“Nixi Pae”) tem um lugar de destaque em sua prática espiritual.

Hoje, a espiritualidade Huni Kuin ecoa pelos quatro cantos do mundo. Um movimento que começou há pouco mais de uma década com a chegada ao Rio de Janeiro de jovens líderes para liderar cerimônias fora das aldeias, hoje vê vários líderes espirituais Huni Kuin fazendo viagens de medicina anuais para as Américas, Europa, África e Ásia. Houve inúmeras exposições desta rica cultura em alguns dos principais museus do mundo, bem como filmes e livros premiados. Esses mensageiros da floresta trazem uma mensagem importante e positiva que aponta para um novo tempo, um tempo de reconciliação entre os homens e a Mãe Natureza.

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